sexta-feira, 10 de abril de 2015
Case #62 - Medusa
Tracy tinha um sonho. Tinha morto um homem e guardado-o num armário. Estava a tentar assegurar-se que ninguém à sua volta descobria. Num canto da sua mente, estava a planear culpar a mãe.
Ia por um corredor e encontrava um homem, psicólogo, que também era detective. As suas mãos roçavam. Uma vez mais ela tentava ocultar-se. Ouvia-se uma banda sonora do género policial.
Trabalhámos este sonho ao modo Gestalt.
Pedi-lhe que recontasse o sonho como se estivesse a acontecer no momento presente - ao estilo do contínuo de consciência.
À medida que ela o fazia, eu introduzia pausas para lhe perguntar o que estava a sentir, ou pedir detalhes - por exemplo, do homem que tinha morto.
Depois pedi-lhe que ´fosse o homem´, e falasse como se fosse ele.
Ele disse que a Tracy era fria, calculista e forte.
Quando ela regressou a ser ela mesma, riu-se, retorceu-se e ficou desconfortável com essas descrições.
Seguiu-se o encontro com o psicólogo. Ela esforçava-se em ocultar-lhe os factos.
Fez o papel de psicólogo. Ele sentia que Tracy era poderosa, e que ele não seria capaz de obter nada dela.
De volta a ela - eu continuei a repetir estas descrições dela - poderosa, fria, calculista, forte. Acrescentou que se sentia sádica. Juntei então todas estas palavras.
Pedi a duas mulheres do grupo que se chegassem à frente e se passeassem entre nós, encarnando estas características.
Convidei então a Tracy a fazer o mesmo. Era difícil para ela, não parava de rir e sorrir, mas eu encoragei-a a manter-se no processo, e sentir-se como essa mulher poderosa. Pedi a uma pessoa que fizesse de cadáver, e a outra ainda que fizesse da parte de Tracy que queria declarar-se inocente, como se fosse incapaz de fazer mal a quem quer que fosse.
Pedi-lhe que olhasse para alguns dos homens do grupo como se ´o olhar pudesse matar´. Sentiu o seu poder, mas alternado com risota. No entanto, disse que se sentia uma pouco malvada quando se ria. O riso é frequentemente uma forma de deflexão, uma forma de não se apropriar da experiência.
Pedi-lhe que fizesse uma respiração abdomial - podia ver que ela tinha a respiração muito superficial.
Quando o fez, disse-me sentir uma pedra no estômago. Em seguida um bloqueio no coração. Encoragei-a a respirar, a sentir a pedra, bem como o seu poder.
Disse-me que isto se tratava, por um lado, da rejeição que tinha sentido por parte dos seus pais, e por outro, da supressão da sua sexualidade. Sentia-se como se tivesse um punhal na mão, e queria continuar às voltas com ele. Sentia-se um pouco como a Medusa... que podia tornar os homens em pedra por olhar para eles. Disse que tinha alguns sentimentos de prazer sexual no seu corpo.
Parecia muito diferente agora - muito mais séria, já não se ria nem ´fazia de inocente´.
Este era o ponto de se tornar dona do seu poder, em vez de se desapropriar dele. Podia experimentar a totalidade do seu ser - a assassina que havia nela, a sua sexualidade, o seu poder como mulher.
Em Gestalt, é o desapropriar-se de parte de nós mesmos que é visto como perigoso. Quando as pessoas permitem que partes proibidas delas entrem no campo da sua consciência, então aí podem fazer escolhas completas, e nesse sentido ´assumir responsabilidade´. É esta a orientação existencial em Gestalt - não fornecer soluções ou uma direção moral do que se deveria fazer, mas sim reestabelecer a sensação de estar consigo próprio de uma forma total e completa, sendo portanto capaz de fazer escolhas autênticas.
Nesta sessão segui os movimentos energéticos, e mantive-me a focá-la na direção do seu self não apropriado - a sua agressão, poder, etc. Para ela foi muito difícil manter-se e tornar-se dona desses aspectos. Foi capaz de se libertar de coisas que tinha engolido e que são basicamente obrigações morais não digeridas - ´deverias´.
Ia por um corredor e encontrava um homem, psicólogo, que também era detective. As suas mãos roçavam. Uma vez mais ela tentava ocultar-se. Ouvia-se uma banda sonora do género policial.
Trabalhámos este sonho ao modo Gestalt.
Pedi-lhe que recontasse o sonho como se estivesse a acontecer no momento presente - ao estilo do contínuo de consciência.
À medida que ela o fazia, eu introduzia pausas para lhe perguntar o que estava a sentir, ou pedir detalhes - por exemplo, do homem que tinha morto.
Depois pedi-lhe que ´fosse o homem´, e falasse como se fosse ele.
Ele disse que a Tracy era fria, calculista e forte.
Quando ela regressou a ser ela mesma, riu-se, retorceu-se e ficou desconfortável com essas descrições.
Seguiu-se o encontro com o psicólogo. Ela esforçava-se em ocultar-lhe os factos.
Fez o papel de psicólogo. Ele sentia que Tracy era poderosa, e que ele não seria capaz de obter nada dela.
De volta a ela - eu continuei a repetir estas descrições dela - poderosa, fria, calculista, forte. Acrescentou que se sentia sádica. Juntei então todas estas palavras.
Pedi a duas mulheres do grupo que se chegassem à frente e se passeassem entre nós, encarnando estas características.
Convidei então a Tracy a fazer o mesmo. Era difícil para ela, não parava de rir e sorrir, mas eu encoragei-a a manter-se no processo, e sentir-se como essa mulher poderosa. Pedi a uma pessoa que fizesse de cadáver, e a outra ainda que fizesse da parte de Tracy que queria declarar-se inocente, como se fosse incapaz de fazer mal a quem quer que fosse.
Pedi-lhe que olhasse para alguns dos homens do grupo como se ´o olhar pudesse matar´. Sentiu o seu poder, mas alternado com risota. No entanto, disse que se sentia uma pouco malvada quando se ria. O riso é frequentemente uma forma de deflexão, uma forma de não se apropriar da experiência.
Pedi-lhe que fizesse uma respiração abdomial - podia ver que ela tinha a respiração muito superficial.
Quando o fez, disse-me sentir uma pedra no estômago. Em seguida um bloqueio no coração. Encoragei-a a respirar, a sentir a pedra, bem como o seu poder.
Disse-me que isto se tratava, por um lado, da rejeição que tinha sentido por parte dos seus pais, e por outro, da supressão da sua sexualidade. Sentia-se como se tivesse um punhal na mão, e queria continuar às voltas com ele. Sentia-se um pouco como a Medusa... que podia tornar os homens em pedra por olhar para eles. Disse que tinha alguns sentimentos de prazer sexual no seu corpo.
Parecia muito diferente agora - muito mais séria, já não se ria nem ´fazia de inocente´.
Este era o ponto de se tornar dona do seu poder, em vez de se desapropriar dele. Podia experimentar a totalidade do seu ser - a assassina que havia nela, a sua sexualidade, o seu poder como mulher.
Em Gestalt, é o desapropriar-se de parte de nós mesmos que é visto como perigoso. Quando as pessoas permitem que partes proibidas delas entrem no campo da sua consciência, então aí podem fazer escolhas completas, e nesse sentido ´assumir responsabilidade´. É esta a orientação existencial em Gestalt - não fornecer soluções ou uma direção moral do que se deveria fazer, mas sim reestabelecer a sensação de estar consigo próprio de uma forma total e completa, sendo portanto capaz de fazer escolhas autênticas.
Nesta sessão segui os movimentos energéticos, e mantive-me a focá-la na direção do seu self não apropriado - a sua agressão, poder, etc. Para ela foi muito difícil manter-se e tornar-se dona desses aspectos. Foi capaz de se libertar de coisas que tinha engolido e que são basicamente obrigações morais não digeridas - ´deverias´.
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