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segunda-feira, 22 de junho de 2015

Case #74 - Deixando-se nutrir

Disse a Annabelle que apreciava a forma como ela encarava a vida e as relações. Isto constituia um sítio de mutualidade, um sitío onde partilhávamos valores. Falei-lhe então de mim, incluindos os pontos em que encontrava discrepâncias entre os meus valores de autenticidade, prestabilidade, e as minhas próprias necessidades e limitações.
Annabelle falou-me de como ela podia dar aos outros estando no seu papel, mas era mais difícil para ela receber. Partilhou então comigo que obtinha pouco prazer da comida, e que se tinha que forçar a si própria a comer.
Embora isto representasse um espectro de temas muito abrangente, relacionados com o campo (a comida está estreitamente relacionada com a família e com o tipo de relações à medida que vamos crescendo), quis manter o foco na relação terapêutica.
Sugeri então uma experiência em que eu faria algo que a nutrisse, e ela praticaria aceitar receber.
Demos as mãos. Lentamente acariciei-lhe as mãos com os meus dedos. Ela começou a acariciar de volta, mas eu detive-a - esta era a sua tendência de dar em vez de receber. A direcção que lhe apontei foi a de ver se ela podia receber algum sustento e prazer.
À medida que o fazia, ela indicou-me não ser capaz de receber muito - os seus braços estavam rígidos. Também mordiscava os lábios, e estava consciente de fazer várias coisas que bloqueavam receber algum sustento de mim.
Então, segurando as suas mãos, levantei lentamente os seus braços e movimentei-os. Pedi-lhe que abdicasse do controlo, que relaxasse e me deixasse fazer aquilo. Era muito difícil para ela, mantinha-se rígida e tratava de seguir os meus movimentos, em vez de me deixar conduzi-la.
Fizémos este exercício durante algum tempo. Foi capaz de afrouxar um pouco, e à medida que o fazia, foi capaz de se deixar nutrir um pouco. Mas era difícil para ela.
Dei-lhe como trabalho de casa encontrar uma outra pessoa com quem praticar.
Em termos de trabalho futuro, haveria também várias formas de o continuar - explorando a sua resistência a abdicar do controlor, bem como a sua reluctância em deixar-se nutrir. Viríamos a abordar qualquer assunto de família que estivesse relacionado com este tema, incluindo o sítio onde se guardava a comida em sua casa.
Em Gestalt, cada vez que encontramos uma ´resistência` não tratamos de a romper - em vez disso respeitamo-la. Procuramos o contexto - a situação original que ameaçou o ´ajuste criativo`.
Tratamos de apreciar o ajuste criativo, entendê-lo, e tratá-lo de forma positiva. Deste modo, pude descobrir quão importante era para ela manter-se em controlo, o que estava em jogo ao abdicar desse controlo e poder confiar. É como se de repente se tornasse evidente que confiar, relaxar, não era uma boa ideia no seu contexto familiar/original. Sendo assim, qualquer nova experiência comigo teria de ser encarada com calma, apreciando o quão arriscada poderia ser. É melhor trabalhar muito devagar, de um modo que possa ser integrado - as experiências teriam então que levar isto em linha de conta.
Também viríamos a experimentar comer algo durante a sessão - por exemplo pedaços de maçã. E realizar uma experência de tomada de consciência relacionado com comida, notando os detalhes do processo. Em vez de comportamentos do tipo ´falar acerca de´, procuramos sempre explorá-los na própria sessão, com tomada de consciência e apoio.

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Case #73 - Os meus sentimentos ou os teus sentimentos?

Martha descreveu a sua dificuldade em contactar com os seus sentimentos. Era counsellor, mas era sobretudo uma pessoa muito mental.
Foquei-me primeiro no aqui e agora entre nós. Como era para ela sentar-se comigo, o que sentia durante o nosso contacto. A cada questão que colocava a Martha, também partilhava os meus próprios sentimentos.
De seguida pedi-lhe que olhasse a sala em redor, para cada pessoa, que notasse a reacção do seu sentir e como diferia.
Por fim, convidei-a a olhar para mim, e permiti-lhe que visse parte do meu mundo interno - passei a ´modo cliente` durante cerca de um minuto, saindo do meu modo ´dador, encarregado, profissional´. Não demorou muito a notar - disse-me ´oh, estás triste´. Salientei que o que era importante era o que ela estava a sentir - a sua tristeza como resposta. Ela podia então confirmar comigo e perguntar-me pela minha experiência. Ela tinha razão neste caso, mas é importante não presumir. As pessoas têm a noção equivocada que podem ´sentir os sentimentos de outra pessoa´. Em Gestalt discordamos - sentimos sempre os nosos próprios sentimentos - mas a fronteira é importante. Apenas podemos imaginar os sentimentos de outrem, e indagar pela confirmação. Assumir que ´sabemos´ é desrespeitoso e não ajuda.
Em termos mais clássicos usamos a palavra ´projecção´para descrever o que acontece. Não podemos de todo sentir os sentimentos de outra pessoa - eles ocorrem no corpo de outrem, e nós não estamos nesse corpo. Os nossos próprios sentimentos podem estar em ressonância, mas pertencem-nos. Neste sentido, a projecção descreve a nossa habilidade em IMAGINAR os sentimentos de outra pessoa, usando os nossos próprios como guia. Isto ajuda-nos a orientarmo-nos no mundo, relacionarmo-nos, e descobrir (potencialmente) que estamos em sintonia com os outros. Mas é somente quando conferimos estas coisas que podemos confirmar se as nossas projecções eram certeiras ou não.
Daí a precisão da linguagem ser considerada importante em Gestalt, uma vez que nos permite ter estas conversas, averiguar, dialogar, testar as nossas percepções. Isto equipa-nos com uma linguagem de comunicação acerca das emoções que é clara e rica no contacto, ao invés de ser confusa e pretenciosa.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Case #72 - O prazer leva a libertar-se da dor

Samantha era um mulher de negócios de sucesso. Mas ela não conseguia encontrar um companheiro. Descreveu uma das dificuldades - ou trabalhava demasiado no seu negócio, ou trabalhava no sentido de encontrar um companheiro.
Parecia angustiada com este assunto, e disse-me estar muito infeliz. As suas tentativas de conhecer homens simplesmente não estavam a resultar.
Quanto mais falámos deste tema, mais eu conseguia ver quão intensa era a sua infelicidade. Ela aparentava estar bastante desgraçada. Inquiri acerca disto. Descreveu-me um estado geral transtornado, mas associava-o a não encontrar um companheiro.
Uma pessoa pode ter uma figura de interesse evidente - o seu ´tema`. Mas esta não é a forma na qual trabalhamos sempre em Gestalt. Estamos sempre mais interessados no processo, no COMO, ao invés do O QUÊ. Neste caso, foi o seu tom de voz, o seu estado de ânimo, que eu segui. É importante escutar o tema, e igualmente importante não se deixar distrair por ele. O estado emocional vem sempre primeiro, depois o conteúdo.
Convidei-a então a fazer uma experiência. Pedi-lhe que olhasse para a sala em redor e me dissesse a sua cor preferida - verde. Era um quadro com uma árvore verde.
Pedi-lhe que olhasse para o quadro, pusesse a mão no seu ventre e inspirasse o prazer de olhar para aquela cor. Várias vezes começou a chorar, fechando os olhos. Mas numa voz forte pedi-lhe que se mantivesse presente, que olhasse, respirasse e deixasse entrar algum do prazer.
Na Gestalt prestamos atenção à experiência do ´agora`- forma parte do trabalho de enraizamento, bem como do caminho em direcção à vitalidade, que é, de algum modo, o objectivo da Gestalt.
De seguida pedi-lhe que escolhesse um objecto na sala. Escolheu uma vela verde.
Pedi-lhe que fizesse o mesmo exercício. Começou a retrair-se, e novamente lhe pedi que se mantivesse presente. Ela assim o fez, mas então disse uma frase ´os mortos-vivos´. Perguntei-lhe o que significava.
Explicou-me que se sentia culpada, que tinha feito um aborto e nunca o tinha superado.
Assim, isto tornou aparente o seu assunto inconcluído, com que precisamos lidar antes da pessoa se poder tornar verdadeiramente presente na sua própria vida.
Então eu criei um ritual para ela - acender a vela, ofereci-lhe uma frase longa para dizer à criança por nascer, reconhecer a frase e logo libertar-se; por fim apagar a vela.
Quando o fez, tornou-se mais estável.
Sugeri-lhe que fizesse este ritual todos os dias até a vela se consumir por completo.
Uma vez mais, pedi-lhe que olhasse para a vela verde, com uma mão no ventre, e inspirasse algum prazer. Desta vez foi mais capaz de o fazer.
Isto foi importante para a ajudar a manter-se presente, uma vez que quando as pessoas têm uma tendência para a depressão, podem afundar-se facilmente nela, afogando-se na familiaridade da sua desgraça.
Um dos antídotos é o prazer, e ser capaz de o assimilar. Tal pode fortalecer, de tal modo que a pessoa possa ´seguir com a sua vida`, qualquer que seja o seu conteúdo.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Case #71 - Os três desejos

Navin contou-me que frequentava aulas de creatividade com a sua mulher como passatempo. Eu estava interessado em que tinha de mulher ela era - forte e poderosa, respondeu-me. Falei-lhe minha da experiência com a minha mulher, também forte e poderosa.
Examinámos como isto era para nós - estabelecendo uma base para a conexão. Falou-me do seu filho, adolescente, e da sua ligação com ele, que era sólida. A forma como explorei estes tópicos foi a partir de um sítio de mutualidade - partilhando também a minha própria experiência. A cada pergunta que lhe fazia, também lhe dava a minha resposta.
Navin contou-me acerca de como ele tendia a ser de algum modo passivo na relação, concordando com a sua mulher e com o que ela queria, na maioria das coisas. Por exemplo, ao ir ao restaurante escolhido por ela. No entanto, houve uma vez em que ele tinha escolhido um sítio diferente, por estar aborrecido com o mesmo local. Surpreendeu-o que ela estivesse de acordo.
Para mim isto foi indicativo que a relação estava baseada, até certo ponto, no pressuposto do seu ajustamento fácil. Também partilhei a minha situação referente ao meu estilo pessoal no que tocava a este tema.
Sugeri-lhe uma experiência. Ele tinha 3 desejos,e no terceiro desejo tinha que pedir mais 3. Pedi-lhe então que imaginasse um dia, desde o início, e que dissesse o que pediria, directamente, à sua mulher.
Atravessámos o dia passo a passo...para ele foi difícil identificar algumas das coisas que desejava...pelo que lhe ofereci várias sugestões para o ajudar a pensar no assunto. Lentamente foi identificando alguns pontos em que pediria algo, até ao fim do dia.
Esta experiência foi simples mas profundamente importante. Em Gestalt interessamo-nos sempre em realçar a autenticidade e usá-la como apoio para a qualidade de contacto na relação.
Nesta experiência mental, Navin teve a oportunidade de tentar ser mais assertivo, e poder manifestar-se mais a respeito de quem é e o que deseja. As pessoas podem lidar umas com as outras comfortavelmente numa relação, mas estamos interessados em aportar mais profundidade. Isto acontece através do processo de ´mostrar-se`, com o que sentimos, o queremos e o que somos. Tal permite-nos ser mais vistos e conhecidos, e faz crescer a inimidade.
Em termos de género, as mulheres parecem gostar de ´estar no comando`, ou que os seus desejos sejam vistos, ouvidos e correspondidos, mas existe um equilíbrio - uma vez que também gostam que o homem assuma a liderança da maneira correcta. Nesta experiência criámos uma forma segura de Navin tentar este tipo de declaração frontal dos seus interesses.
Estas experiências envolvem sempre algum risco, ainda que sejam apenas exercícios mentais. Representam uma nova forma de ser ou estar, e de revelar e dar voz a aspectos do self que tenderam a estar num plano de fundo. Geralmente ocorre emoção associada com este processo - ressentimento reprimido, excitação, ou talvez ambos. É importante, em qualquer experiência, seguir não apenas o conteúdo, mas também prestar continuamente atenção ao tom emocional.

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