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terça-feira, 9 de setembro de 2014

Case #37 - A lança abusiva e a lança protetora

Eu calculei que a Celia estivesse nos seus trintas, mas de facto ela tinha 51 anos, com uns poucos filhos. Era notável, dada a dura vida que tinha tido, no entanto ele aparentava-se calma - e, por isso, a sua aparência jovem. Isto eram coisas que eu não tive espaço para explorar, mas que pensei anotar para trabalho futuro. É sempre importante reconhecer impressões imediatas, e mesmo 'olhar com novos olhos' clientes familiares para observar discrepâncias ou coisas com relevância para a terapia.
Ela trouxe a questão do medo de desempenhar o tipo de trabalho que tinha vindo a praticar nos últimos 10 anos. Queria ser assistente social, e agora os seus filhos tinha deixado a casa, este era o seu objetivo declarado.
Mais do que tentar trabalhar a sua confiança e procurar os seus medos, eu queria descobrir o seu contexto - o apoio no seu ambiente para que ela o fizesse. Ela tinha apoio profissional de um grupo de assistentes sociais, portanto esse não era o problema.
Contudo, o seu marido tinha dito que se divorciava dela se ela prosseguisse esta linha profissional. Esta era uma reação relativamente forte, mas não inteiramente surpreendente dada a cultura patriarcal em que esta sessão se desenvolveu.
No entanto, quando aprofundei a questão, ela revelou que estava numa relação de violência doméstica há décadas.
Pareceu-me estranho que em 10 anos de estudo e terapia relacionados com as suas aspirações sociais isto nunca tenha surgido, ou que as suas professoras não se tenham sentido de alguma forma responsáveis por saber com o que ela lidava.
Na terapia é importante não nos focarmos apenas nos sentimentos, mas também no contexto, particularmente num contexto de abuso constante. Isto precisa de ser mantido como foco da terapia.
Então, eu não estava disposto a lidar com outras questões, a não ser que isto estivesse no âmago - o seu medo compreendido - foi identificado. Ela disse que a violência tinha cessado recentemente.
Eu contei-lhe os meus próprios sentimentos enquanto me sentei com ela - aberto a ela, a sentir-me muito ligado com a seriedade das questões, querendo apoiá-la, mas também muito cauteloso e a querer avançar de forma respeitadora.
Salientei que o medo era praticamente 'um membro da família'. Ela concordou. Pedi-lhe que desse uma identidade ao medo - ela disse uma figura com roupas pretas, grandes olhos, um sorriso e uma lança. Descreveu-o como 'misterioso'.
Perguntei-lhe por mais detalhes - como eram as roupas. Queria mesmo colocá-la em contato com o seu medo. Depois convidei-a para participar numa experimentação Gestaltista: 'ser' o medo - para me mostrar como o medo se apresentava, com a sua lança, e olhos grandes.
Ela fê-lo - e eu fi-lo com ela. Frequentemente é bom fazer estas experimentações com o cliente.
Depois pedi-lhe que se sentasse novamente - não queria perder muito tempo com isto. Descrevê-lo, sê-lo, era já um grande feito.
Ela disse que tinha sentido como se eu lhe tivesse dado muito neste processo, e que se sentia relutante em aceitar mais - como se me tivesse que dar de volta a mim. Ela explicou que foi educada a 'estar lá' para o homem e, embora ela se tivesse revoltado contra isso enquanto menina, fazia parte do seu condicionamento.
Então eu 'peguei' nesta situação e parei. Eu disse, 'ok, então o que gostava de me dar de alguma forma; eu estou aberto a receber'. Sentá-mo-nos em silêncio e depois ela disse que queria dar-me o reconhecimento pelo que tinha feito até ali.
Depois de estarmos assim, ela sentiu-se novamente segura comigo, pronta para continuar. É bastante importante ouvir o que ocorre exatamente com o cliente, momento a momento, e estar com ele nesses momentos, acompanhando o seu ritmo.
Perguntei-lhe onde estava o medo agora - ela respondeu que estava dentro dela. Ela disse que a lança estava a tocar na sua cabeça e a magoá-la.
Avancei para um modo relacional direto com ela. Disse-lhe que me sentia triste pela dor que ela vivia, profundamente triste. Queria 'resgatá-la', protegê-la, mas não sabia como o fazer.
Ela estava muito agitada, e sentá-mo-nos numa ligação silenciosa por um tempo. Esta foi a chave da mudança - alguém que se preocupava, que podia estar com ela de forma protetora, mas sem apressar as coisas estabelecidas.
Este foi um momento 'eu-tu', com dois seres humanos amplamente conetados. Eu era o terapeuta e ela a cliente, mas naquele lugar, eramos duas pessoas, sentadas uma com a outra e com a profunda dor da situação. Levei a sua dor muito seriamente - não apenas como uma experiência em jogo, não apenas como uma figura de medo, mas de facto várias décadas que valeram o medo relacionado com a violência.
Sentados neste local, eu também tinha uma lança, uma lança de proteção. Convidei-a a 'levar-me', com a lança, para o seu coração.
Ela conseguia fazer isto com facilidade, e com lágrimas. Ela sentia-se segura e apoiada.
Isto refere-se a um 'objeto pessoal' - 'levar-me' significava que ela tinha uma figura de autoridade dentro dela que estava lá para ela, na medida em que a experiência anterior de autoridade no seu crescimento era supressora, e que ela esperava estar lá para o homem na sua vida.
Apesar de não ter 'ocorrido' muito na terapia, teve um grande impacto. No final, perguntei-lhe onde estava o medo em relação a mudar de profissão. Ela respondeu que já não se sentia mais intimidada. Perguntei-lhe - mesmo que isso custe o divórcio? Ela respondeu, sim.
Agora, isto é apenas um pedaço de trabalho no que precisa de ser uma terapia contínua com o relacionamento, e lidar com isto após uma longa fase de violência. Eu gostava de manter um olhar atento a isto, como se fosse possível reverter a situação de violência, e como profissional, como uma pessoa que se preocupa devidamente, garantir que não faço parte de forma alguma desse ciclo.

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