sexta-feira, 5 de setembro de 2014
Case #36 - A mulher que não sentia nada
A Brenda falou de não ter uma identidade clara - facilmente perdia o sentido das fronteiras e identificava-se com os outros.
Também falou de ser envergonhada, não gostar de ser fotografada ou colocada sob atenção.
Estes eram indicadores de necessidade de proceder com cautela e sensibilidade, e consciência de potenciais questões de vergonha (relacionadas com a exposição).
Deixei-a saber que eu não queria explorar mais do que para ela estivesse bem.
Salientei que estavamos em frente de um grupo de pessoas, e perguntei-lhe como se sentia com isso. Ela disse que olhavam para ela mas que não se sentia observada. Perguntei-lhe se isso tinha a ver com o pouco conhecimento que tinham sobre ela, ou porque ela se estava a esconder. Ela disse ambos.
Isto ajudou a enquadrar-me na dinâmica relacional. Então coloquei isso de volta nela - eu estava a olhar para ela, mas ela também se escondia de mim. Ela disse que sim, que fazia isso com toda a gente.
Isto, evidentemente, causa um impasse relacional - uma parte dela deseja ser vista, mas outra parte não o permite. Isto foi um aviso de que eu tinha de proceder com cuidado, ou simplesmente me tornaria frustrado e apanhado nesta dinâmica.
Então, em vez de explorar, disse-lhe coisas que ela já tinha permitido que eu observasse acerca dela - pedaços de informação pessoal que ela tinha partilhado. Refleti também o que tinha visto - por exemplo, a cor das roupas que ela usava.
Isto criou algum terreno para o que havia entre nós, sem lhe perguntar mais questões, indicando que eu estava presente com o que ela partilhava e com o que ela tornava disponível. Em casos de vergonha é importante partilhar algo de nós mesmos, em vez de examinar excessivamente a pessoa.
Mas os seus olhos ainda estavam vidrados, e ela relatava que estava à deriva. Isto indicava que o contato era muito. Então, perguntei-lhe onde ela derivava...ela disse num local de inúmeros mundos, vidas passadas.
Isto indicou-me dissociação, e as questões de segurança encontravam-se primeiramente aqui.
Sugeri que derivasse efetivamente para um estado de sonho, e que eu podia fazer o mesmo, e que podia convidar todos os que estavam no grupo para este tipo de estado, de maneira a que pudessemos sentar-mo-nos todos juntos nesse local.
Esta sugestão tomou-lhe um momento, e encorajei-a seguidamente a convergir nesse sentido. No Gestaltismo chama-se a teoria paradoxal da mudança - estar com o que é e inclinar-se para isso.
Ela disse 'não sinto nada'.
Por outras palavras, ela estava completamente dissociada. Neste local, apenas um determinado tipo de contato está disponível.
Perguntei-lhe que tipo de apoio precisava para se sentir segura. Partilhei a minha tristeza - de que não estava a olhar para ela de todo, não estava a tentar vê-la, o seu esconderijo estava completamente adequado. Disse-lhe que sentia calor em relação a ela, mas que não conseguia encontrar forma de a alcançar.
A Brenda olhou-me e disse 'eu não gosto de aceitar apoio'.
Esta foi a revelação que me indicou como proceder.
Sugeri uma experimentação - ela levantava duas mãos - uma mão empurrava, e a outra estava aberta para receber apoio.
Fizemos isto e ela foi capaz de receber o meu apoio - lentamente alcancei a sua mão aberta com a minha e segurei-a.
Depois ela relatou que havia uma 'força' que lhe dizia para não sentir. Pedi a alguém que se colocasse em frente a nós, representando essa força. Ela não conseguia/queria identificar o que isso representava, o que não levantava problema.
Esta foi uma declaração de diferenciação e integração.
Ela podia permitir a si mesma sentir, aceitar apoio, colocar-se na relação, ser vista naquele lugar, e ter uma sensação de poder de escolha.
Este trabalho foi lento, e requereu que eu constantemente respeitasse as suas fronteiras, não perguntasse demasiados detalhes, mesmo sobre o que estava a sentir...mas também não desistindo. Normalmente, as pessoas reagem a quem estabelece este tipo de fronteiras privadas - ou afastando-as, ou encontrando-as de forma desconexa, ou bombardeando a pessoa com interesse e bondade. O que é necessário é uma presença neutra, com calor suficiente mas sem exagero, interesse suficiente mas não demasiado - isto é chamado sintonia e é o âmago da capacidade relacional.
Também falou de ser envergonhada, não gostar de ser fotografada ou colocada sob atenção.
Estes eram indicadores de necessidade de proceder com cautela e sensibilidade, e consciência de potenciais questões de vergonha (relacionadas com a exposição).
Deixei-a saber que eu não queria explorar mais do que para ela estivesse bem.
Salientei que estavamos em frente de um grupo de pessoas, e perguntei-lhe como se sentia com isso. Ela disse que olhavam para ela mas que não se sentia observada. Perguntei-lhe se isso tinha a ver com o pouco conhecimento que tinham sobre ela, ou porque ela se estava a esconder. Ela disse ambos.
Isto ajudou a enquadrar-me na dinâmica relacional. Então coloquei isso de volta nela - eu estava a olhar para ela, mas ela também se escondia de mim. Ela disse que sim, que fazia isso com toda a gente.
Isto, evidentemente, causa um impasse relacional - uma parte dela deseja ser vista, mas outra parte não o permite. Isto foi um aviso de que eu tinha de proceder com cuidado, ou simplesmente me tornaria frustrado e apanhado nesta dinâmica.
Então, em vez de explorar, disse-lhe coisas que ela já tinha permitido que eu observasse acerca dela - pedaços de informação pessoal que ela tinha partilhado. Refleti também o que tinha visto - por exemplo, a cor das roupas que ela usava.
Isto criou algum terreno para o que havia entre nós, sem lhe perguntar mais questões, indicando que eu estava presente com o que ela partilhava e com o que ela tornava disponível. Em casos de vergonha é importante partilhar algo de nós mesmos, em vez de examinar excessivamente a pessoa.
Mas os seus olhos ainda estavam vidrados, e ela relatava que estava à deriva. Isto indicava que o contato era muito. Então, perguntei-lhe onde ela derivava...ela disse num local de inúmeros mundos, vidas passadas.
Isto indicou-me dissociação, e as questões de segurança encontravam-se primeiramente aqui.
Sugeri que derivasse efetivamente para um estado de sonho, e que eu podia fazer o mesmo, e que podia convidar todos os que estavam no grupo para este tipo de estado, de maneira a que pudessemos sentar-mo-nos todos juntos nesse local.
Esta sugestão tomou-lhe um momento, e encorajei-a seguidamente a convergir nesse sentido. No Gestaltismo chama-se a teoria paradoxal da mudança - estar com o que é e inclinar-se para isso.
Ela disse 'não sinto nada'.
Por outras palavras, ela estava completamente dissociada. Neste local, apenas um determinado tipo de contato está disponível.
Perguntei-lhe que tipo de apoio precisava para se sentir segura. Partilhei a minha tristeza - de que não estava a olhar para ela de todo, não estava a tentar vê-la, o seu esconderijo estava completamente adequado. Disse-lhe que sentia calor em relação a ela, mas que não conseguia encontrar forma de a alcançar.
A Brenda olhou-me e disse 'eu não gosto de aceitar apoio'.
Esta foi a revelação que me indicou como proceder.
Sugeri uma experimentação - ela levantava duas mãos - uma mão empurrava, e a outra estava aberta para receber apoio.
Fizemos isto e ela foi capaz de receber o meu apoio - lentamente alcancei a sua mão aberta com a minha e segurei-a.
Depois ela relatou que havia uma 'força' que lhe dizia para não sentir. Pedi a alguém que se colocasse em frente a nós, representando essa força. Ela não conseguia/queria identificar o que isso representava, o que não levantava problema.
Esta foi uma declaração de diferenciação e integração.
Ela podia permitir a si mesma sentir, aceitar apoio, colocar-se na relação, ser vista naquele lugar, e ter uma sensação de poder de escolha.
Este trabalho foi lento, e requereu que eu constantemente respeitasse as suas fronteiras, não perguntasse demasiados detalhes, mesmo sobre o que estava a sentir...mas também não desistindo. Normalmente, as pessoas reagem a quem estabelece este tipo de fronteiras privadas - ou afastando-as, ou encontrando-as de forma desconexa, ou bombardeando a pessoa com interesse e bondade. O que é necessário é uma presença neutra, com calor suficiente mas sem exagero, interesse suficiente mas não demasiado - isto é chamado sintonia e é o âmago da capacidade relacional.
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