terça-feira, 10 de março de 2015
Case #58 - Quando as palavras se desvanecem
Quando alguém levanta diversos temas, é necessário estar aberto a eles, em busca daquilo que se chama ´figura´ na terminologia Gestalt - um tópico em particular que tem a maior energia presente.
Aquilo que se destacou com Trevor relacionava-se com a sua vida actual. Tinha um forte interesse espiritual, e no passado até tinha ponderado tornar-se monge. Encontrava-se actualmente no seu segundo casamento, com um filho, e estava muito comprometido com a sua situação.
No entanto, encontrava-se inquieto. A outra polaridade que emergia em relação à sua vida estável em família era ´as montanhas´. À medida que a explorávamos, tornou-se claro que representavam o apelo da natureza, uma vida mais simples, abraçar uma árvore, sentir-se conectado com a terra, tempo para a prática espiritual.
Em Gestalt interessamo-nos muito pelas polaridades, especialmente quando se tornam dissociadas. Trabalhamos com uma apropriação e tomada de consciência crescentes de ambos os pólos.
Explorei então os sentimentos nos dois lados - a sua vida familiar, e o apelo das montanhas. Ele estava bem em relação à sua escolha de começar uma nova família, no entanto continuava a sentir-se insatisfeito, inquieto.
Tornou-se claro que ele ainda não se tinha reconciliado totalmente com a vida que tinha escolhido - encontrava-se nela apenas parcialmente, enquanto que parte do seu coração estava noutro sonho.
Dediquei-lhe tempo, expressando-lhe o quanto eu compreeendia o seu anelo, e como tinha experienciado a minha versão disso no passado. Estas afirmações de conexão são importantes em Gestalt - não como técnica empática, mas como declaração genuína de humanidade partilhada.
Partilhei os meus próprios sentimentos em relação à espiritualidade, natureza, vida familiar, à perda da minha imagem de tornar-me monge. Afundámo-nos num silêncio profudo por vários minutos. Não havia nada a dizer. Eu não o podia ajudar; ele tinha feito a sua escolha, e aqui estava a consequência. Não era bom nem mau. Era simultaneamente doloroso e agradável. Havia simultaneamente perda e ganho. Não havia nenhuma facilitação a ser feita, nenhum problema para resolver, nenhum insight interpretativo a comunicar.
Somente o encontro.
E então, algo mudou silenciosamente para nós dois.
Ele agradeceu-me. E isso bastou.
Há alturas em terapia para falar, para ajudar, para explorar. E alturas para estar simplesmente com o que existe. Para estar com a outra pessoa no local onde não há soluções.
A experiência foi emocionalmente intensa, e ambos nos sentimos profundamente tocados. Trevor sentiu-se profundamente compreendido, num encontro total.
Aquilo que se destacou com Trevor relacionava-se com a sua vida actual. Tinha um forte interesse espiritual, e no passado até tinha ponderado tornar-se monge. Encontrava-se actualmente no seu segundo casamento, com um filho, e estava muito comprometido com a sua situação.
No entanto, encontrava-se inquieto. A outra polaridade que emergia em relação à sua vida estável em família era ´as montanhas´. À medida que a explorávamos, tornou-se claro que representavam o apelo da natureza, uma vida mais simples, abraçar uma árvore, sentir-se conectado com a terra, tempo para a prática espiritual.
Em Gestalt interessamo-nos muito pelas polaridades, especialmente quando se tornam dissociadas. Trabalhamos com uma apropriação e tomada de consciência crescentes de ambos os pólos.
Explorei então os sentimentos nos dois lados - a sua vida familiar, e o apelo das montanhas. Ele estava bem em relação à sua escolha de começar uma nova família, no entanto continuava a sentir-se insatisfeito, inquieto.
Tornou-se claro que ele ainda não se tinha reconciliado totalmente com a vida que tinha escolhido - encontrava-se nela apenas parcialmente, enquanto que parte do seu coração estava noutro sonho.
Dediquei-lhe tempo, expressando-lhe o quanto eu compreeendia o seu anelo, e como tinha experienciado a minha versão disso no passado. Estas afirmações de conexão são importantes em Gestalt - não como técnica empática, mas como declaração genuína de humanidade partilhada.
Partilhei os meus próprios sentimentos em relação à espiritualidade, natureza, vida familiar, à perda da minha imagem de tornar-me monge. Afundámo-nos num silêncio profudo por vários minutos. Não havia nada a dizer. Eu não o podia ajudar; ele tinha feito a sua escolha, e aqui estava a consequência. Não era bom nem mau. Era simultaneamente doloroso e agradável. Havia simultaneamente perda e ganho. Não havia nenhuma facilitação a ser feita, nenhum problema para resolver, nenhum insight interpretativo a comunicar.
Somente o encontro.
E então, algo mudou silenciosamente para nós dois.
Ele agradeceu-me. E isso bastou.
Há alturas em terapia para falar, para ajudar, para explorar. E alturas para estar simplesmente com o que existe. Para estar com a outra pessoa no local onde não há soluções.
A experiência foi emocionalmente intensa, e ambos nos sentimos profundamente tocados. Trevor sentiu-se profundamente compreendido, num encontro total.
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