segunda-feira, 17 de novembro de 2014
Case #46 - Larvas
Felicity falava acerca de ter pesadelos. Não aplicamos interpretações pré-estabelecidas aos sonhos em Gestalt, mas os pesadelos têm frequentemente a ver com agressão; entendemos que todos os aspectos do sonho são acerca do sonhador, pelo que os pesadelos estão relacionados com a própria agressividade de quem os sonha.
O sonho recorrente de Felicity, que ocorria de diferentes formas, era deste género:
Ela estava na cave, a cultivar larvas, centenas de milhares delas.
Depois, na cena seguinte, ela estava a vomitar larvas - todo o seu corpo estava cheia delas. Ela conseguia vomitá-las todas, excepto uma.
Enfim, só de olhar para o sonho, poderiamos ter um dia em cheio só com as interpretações. Ao nível mais básico, a cave é que o jaz embaixo, e as larvas referem-se evidentemente a algo bastante apodrecido na pessoa.
MAS, em Gestalt não vamos sequer tão longe.
Permanecemos apenas com o que existe, a experiência da pessoa, e o seu próprio significado à medida que se forma experiencialmente.
Convidei então Felicity a dar voz aos diversos personagens. Como larva, falou acerca de ser gorda, preguiçosa e impotente.
A larva solitária que tinha ficado dentro dela também falou acerca de querer sair.
O passo seguinte a fazer era representar. Juntei-me então a ela, e fizémos de conta que éramos larvas, andando às voltas.
Falei acerca do facto de todos termos algumas larvas dentro de nós - as coisas que simplesmente não queremos revelar aos outros.
Contei-lhe algumas das minhas - a minha sordidez nalgumas circunstâncias, e dei-lhe alguns exemplos.
Ao expôr temas muito difíceis, é importante que o terapeuta tome a iniciativa em dar o exemplo.
Ao início ela estava relutante em identificar algo do género nela própria. Reparei na expressão da sua face - uma espécie de menina inocente a fazer beicinho. Salientei aquilo que via, e representei-o de forma a espelhá-lo de volta a ela.
Comentei - ´Bem, esse não é o aspecto de alguém que tem larvas dentro de si!`
Isto confrontou-a com a persona que ela projecta, e trouxe-lhe uma vontade de querer ser mais autêntica.
Ela nomeou alguns aspectos dela que eram tipo larva, e eu reconheci quão difícil isso era para ela. Ela fez novamente a mesma expressão. Desta vez fiz-lhe notar imediatamente a incongruência, como se ela estivesse a tentar minimizar aquilo que tinha acabado de partilhar.
Tal elevou a sua tomada deconsciência de uma forma muito imediata acerca do seu processo de não-apropriação. A tomada de consciência em Gestalt tem sempre a ver com a imediatez - que leva a um conhecimento de quem sou eu, agora mesmo.
Convidei depois o grupo a partilhar os seus próprios ´self tipo larva´. Tal reduziu ainda mais a vergonha da exposição de Felicity, e criou um vínculo no grupo, partilhando os nossos ´selves` mais profundos e secretos, ao mesmo tempo que nos divertíamos no processo.
O sonho recorrente de Felicity, que ocorria de diferentes formas, era deste género:
Ela estava na cave, a cultivar larvas, centenas de milhares delas.
Depois, na cena seguinte, ela estava a vomitar larvas - todo o seu corpo estava cheia delas. Ela conseguia vomitá-las todas, excepto uma.
Enfim, só de olhar para o sonho, poderiamos ter um dia em cheio só com as interpretações. Ao nível mais básico, a cave é que o jaz embaixo, e as larvas referem-se evidentemente a algo bastante apodrecido na pessoa.
MAS, em Gestalt não vamos sequer tão longe.
Permanecemos apenas com o que existe, a experiência da pessoa, e o seu próprio significado à medida que se forma experiencialmente.
Convidei então Felicity a dar voz aos diversos personagens. Como larva, falou acerca de ser gorda, preguiçosa e impotente.
A larva solitária que tinha ficado dentro dela também falou acerca de querer sair.
O passo seguinte a fazer era representar. Juntei-me então a ela, e fizémos de conta que éramos larvas, andando às voltas.
Falei acerca do facto de todos termos algumas larvas dentro de nós - as coisas que simplesmente não queremos revelar aos outros.
Contei-lhe algumas das minhas - a minha sordidez nalgumas circunstâncias, e dei-lhe alguns exemplos.
Ao expôr temas muito difíceis, é importante que o terapeuta tome a iniciativa em dar o exemplo.
Ao início ela estava relutante em identificar algo do género nela própria. Reparei na expressão da sua face - uma espécie de menina inocente a fazer beicinho. Salientei aquilo que via, e representei-o de forma a espelhá-lo de volta a ela.
Comentei - ´Bem, esse não é o aspecto de alguém que tem larvas dentro de si!`
Isto confrontou-a com a persona que ela projecta, e trouxe-lhe uma vontade de querer ser mais autêntica.
Ela nomeou alguns aspectos dela que eram tipo larva, e eu reconheci quão difícil isso era para ela. Ela fez novamente a mesma expressão. Desta vez fiz-lhe notar imediatamente a incongruência, como se ela estivesse a tentar minimizar aquilo que tinha acabado de partilhar.
Tal elevou a sua tomada deconsciência de uma forma muito imediata acerca do seu processo de não-apropriação. A tomada de consciência em Gestalt tem sempre a ver com a imediatez - que leva a um conhecimento de quem sou eu, agora mesmo.
Convidei depois o grupo a partilhar os seus próprios ´self tipo larva´. Tal reduziu ainda mais a vergonha da exposição de Felicity, e criou um vínculo no grupo, partilhando os nossos ´selves` mais profundos e secretos, ao mesmo tempo que nos divertíamos no processo.
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