sábado, 17 de maio de 2014
Case #7 - O dador e as bolinhas
A Changchang estava nos seus cinquentas. Era uma pessoa muito bondosa. De facto, ela era muito carinhosa com todos em sua volta. Mas revelou que se sentia infeliz com o seu casamento. Não se sentia preenchida, sentia-se solitária.
Parecia que, apesar de ter amigos, bastante contato social, e ser bem reconhecida, ela ainda se sentia infeliz e solitária.
Tive um diálogo direto com ela. Disse-lhe - sinto-me muito confortável na sua presença. Tenho a sensação que é bastante condescendente, que existe bsatante espaço para eu ser eu mesmo, e que me vai aceitar. Ela concordou - era assim com as pessoas.
Disse-lhe o quanto apreciava este sentimento - estar bastante seguro. Ela anuiu, e disse que isso era importante para ela. Eu disse-lhe como podia imaginar a possibilidade de aproveitar a vantagem deste sentimento - confiar nela, apoiar-me nela, ou aceitar o seu calor. Como terapeuta, foi um pouco difícil para mim manter-me numa posição de autoridade, ou profissional, ou dar-lhe a ela, porque conseguia sentir as minhas próprias necessidades a aparecer em frente da sua generosidade.
Ela anuiu - conseguia reconhecer tudo isso, embora raramente fosse colocado em palavras de forma tão direta.
Também notei como me senti um pouco desconfortável, de uma forma que era difícil de definir. Ela apenas queria dar, e ela tinha muito para dar. Mas seria ela capaz de realmente receber. Poderia ela receber alguma coisa de mim?
As lágrimas vieram aos seus olhos. Ela disse que isso era difícil.
Eu também me senti emocionado com o momento. Ficámos naquele contato emocional, em silêncio, por um tempo.
Mas ela não conseguia aceitar nada de mim. Estava compelida a dar. Não estava equilibrado.
Então trouxe uma experimentação do Gestaltismo. Encontrei umas bonitas bolas de vidro na sala, e coloquei-as na minha mão. Disse-lhe, vou dar-lhe uma bolinha, uma de cada vez. Quero mesmo que a aceite de mim, como se fosse receber um presente.
Ela concordou, e fizemos isso. Eu dei-lhe as bolas de forma muito calma, olhando para ela, garantindo que ela estava mesmo a receber de mim. Ela estava trémula, a sua vulnerabilidade emergia, estava a chorar cada vez que aceitava uma bolinha.
Ela disse que foi a primeira vez que recordava, de longo tempo, receber algo de outra pessoa. Ela era sempre a dadora, e foi assim que recebeu o seu reconhecimento. Mas eventualmente estava vazia, porque o fluxo não era nos dois sentidos e as relações tendiam a estagnar, como resultado. Por isso havia solidão, apesar de ser bem reconhecida e ter muitos amigos.
Aqui, utilizei a minha própria experiência no diálogo. Em vez de falar sobre o resto da sua vida, trouxemos o presente e a expriência foi entre nós. Assim, a sua nova experiência foi possível, porque eu estava a investir-me a mim mesmo tanto como ela. Eu trouxe consciência a uma transação relacional que é normalmente automática e sem consciência. Ao trazer a minha própria experiência (em vez de um julgamento), ela conseguiu aceitar e abrir-se para algo diferente.
Parecia que, apesar de ter amigos, bastante contato social, e ser bem reconhecida, ela ainda se sentia infeliz e solitária.
Tive um diálogo direto com ela. Disse-lhe - sinto-me muito confortável na sua presença. Tenho a sensação que é bastante condescendente, que existe bsatante espaço para eu ser eu mesmo, e que me vai aceitar. Ela concordou - era assim com as pessoas.
Disse-lhe o quanto apreciava este sentimento - estar bastante seguro. Ela anuiu, e disse que isso era importante para ela. Eu disse-lhe como podia imaginar a possibilidade de aproveitar a vantagem deste sentimento - confiar nela, apoiar-me nela, ou aceitar o seu calor. Como terapeuta, foi um pouco difícil para mim manter-me numa posição de autoridade, ou profissional, ou dar-lhe a ela, porque conseguia sentir as minhas próprias necessidades a aparecer em frente da sua generosidade.
Ela anuiu - conseguia reconhecer tudo isso, embora raramente fosse colocado em palavras de forma tão direta.
Também notei como me senti um pouco desconfortável, de uma forma que era difícil de definir. Ela apenas queria dar, e ela tinha muito para dar. Mas seria ela capaz de realmente receber. Poderia ela receber alguma coisa de mim?
As lágrimas vieram aos seus olhos. Ela disse que isso era difícil.
Eu também me senti emocionado com o momento. Ficámos naquele contato emocional, em silêncio, por um tempo.
Mas ela não conseguia aceitar nada de mim. Estava compelida a dar. Não estava equilibrado.
Então trouxe uma experimentação do Gestaltismo. Encontrei umas bonitas bolas de vidro na sala, e coloquei-as na minha mão. Disse-lhe, vou dar-lhe uma bolinha, uma de cada vez. Quero mesmo que a aceite de mim, como se fosse receber um presente.
Ela concordou, e fizemos isso. Eu dei-lhe as bolas de forma muito calma, olhando para ela, garantindo que ela estava mesmo a receber de mim. Ela estava trémula, a sua vulnerabilidade emergia, estava a chorar cada vez que aceitava uma bolinha.
Ela disse que foi a primeira vez que recordava, de longo tempo, receber algo de outra pessoa. Ela era sempre a dadora, e foi assim que recebeu o seu reconhecimento. Mas eventualmente estava vazia, porque o fluxo não era nos dois sentidos e as relações tendiam a estagnar, como resultado. Por isso havia solidão, apesar de ser bem reconhecida e ter muitos amigos.
Aqui, utilizei a minha própria experiência no diálogo. Em vez de falar sobre o resto da sua vida, trouxemos o presente e a expriência foi entre nós. Assim, a sua nova experiência foi possível, porque eu estava a investir-me a mim mesmo tanto como ela. Eu trouxe consciência a uma transação relacional que é normalmente automática e sem consciência. Ao trazer a minha própria experiência (em vez de um julgamento), ela conseguiu aceitar e abrir-se para algo diferente.
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