lifeworksgestaltl1

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Case #76 - O cliente à deriva

Anne era uma mulher jovem, que mostrava muita paixão quando falava. Os seus pais tinham-se divorciado quando ela tinha 10 anos. Descreveu-me a mãe como sendo extrovertida e dramática, enqanto o seu pai aparentava ser mais tranquilo. Mas internamente, falava do seu pai como sendo ´retorcido´, uma vez que o seu estilo de comunicação parecia dar apoio; no fundo tratava-se frequentemente das suas necessidades e do seu auto-interesse, mas expressadas de forma indirecta.
Descreveu várias situações em que tinha perdido o respeito pelo seu pai devido a este estilo de comunicação, e à sua consequente decepção. Sentia-se de algum modo superior a ele, na medida em que ela expunha o seu estilo indirecto e manipulativo, e ele não podia negar os seus motivos ocultos.
Isto alertou-me para a dinâmica entre nós. Salientei que eu era um homem, provavelmente de uma idade próxima à do seu pai, e estava portanto interessado em como ela experenciava estar comigo. A experiência dela era positiva; chamei-lhe então a atenção para algumas das maneiras em que eu tinha uma comunicação indirecta. Depois de o fazer, ela disse que agora já não me tinha num pedestal, mas mais ao seu nível.
Tal foi um bom começo. Mas foi importante abordar directamente a própria dinâmica interpessoal. Contei-lhe então algumas das minhas respostas à forma como a tinha visto comunicar, não do ponto de vista da minha crítica face a ela, mas sim da minha auto-crítica  em resposta o seu estilo de comunicar. Ela tinha feito muitas perguntas, eu apreciava a sua energia e interrogação e ao mesmo tempo, dava por mim um pouco frustrado pelo modo como ela ´estava em todo lado´.
Assim, ao dar-lhe a minha perspectiva sobre mim próprio, dei-lhe um modo de olhar para dentro de mim, para o meu estilo indirecto - normalmente não expresso, e provavelmente invisível para ela. Tal requereu uma vontade da minha parte de expôr o meu próprio ego. Disse-lhe ´com isto, estou a passar-te uma arma para as mãos´. Perguntei-lhe então como se sentia agora em relação a  mim. Havia uma combinação de se sentir aliviada com a minha honestidade, bem como algum sentimento de superioridade.
Isto foi importante, pois aprofundou o contacto entre nós. Este tipo de autenticidade permite-nos chegar ao coração das dinâmicas relacionais, no aqui e agora.
À medida que conversávamos, notei que ela derivava do assunto, e no seu estilo altamente energético, passava a outros tópicos. Comentei-lhe que do meu lado me estava a sentir perdido, e ela salientou o modo como recebia esse feedback de várias pessoas.
Já tinhamos alcançado muito na sessão - não tinhamos resolvido nada, mas trouxéramos alguns aspectos profundos da experiência para a relação. Podia reparar que se seguisse a sua direcção, poderíamos facilmente derivar para outros tópicos... Experienciei isto como um movimento desenraizado, pois não se mantinha com uma figura clara.
Assim, fui fechando a sessão. É importante não deixar que muitos assuntos surjam numa sessão, de facto, é melhor escolher apenas um, mover-se através da Gestalt emergente, e depois fechá-lo, para permitir que a pessoa o possa digerir. É comum as pessoas quererem ´mais´ antes de terem realmente interiorizado o que foi abordado, e portanto é importante para mim como terapeuta ser contentor, estabelecer o limite, e deixá-las ficar com o que foi conseguido até então, em vez de seguir para o próximo tópico de interesse.
Tínhamos conseguido já material para muitas mais sessões, e isto constrói uma base para a continuação. Grande parte da terapia tem a ver com construir esta base, e é esta mesma base que de diversas formas fornece muito do valor derradeiro, para além dos assuntos e intervenções específicas.
Confrontado com a sua dificuldade em permanecer com uma figura clara, eu desloquei-me para o diálogo, em vez de continuar a tentar facilitá-la. Isso apenas levaria a uma ´contenda´ - eu a tentar focar-me nela, e ela a usar o seu estilo daquilo a que chamamos ´deflexão´em Gestalt. É uma forma de estabelecer contacto que dilui a intensidade do contacto. De modo a podermos trabalhar através de figuras de interesse em Gestalt, a tomada de consciência necessita estar presente e focada. As pessoas têm diversas formas de interromper esse fluxo de consciência  - descrito como ciclo do contacto, ou ciclo de awareness (tomada de consciência) no original - não atigindo portanto a conclusão. Isto leva a assuntos pendentes e a uma falta de contacto satisfatório.
Mas oferecer ou apoiar um bom estilo de contacto não é suficiente. As pessoas fazem as suas interrupções habituais, e fazem-no geralmente sem tomarem consciência disso. Neste caso, trouxe alguma atenção para este processo de interrupção - algumas vezes isso é suficiente, outras é necessário fazer um trabalho lento e muito cauteloso, de outra forma as pessoas podem´resistir´ o que significa que se sentem inseguras.
É aí que a vertente  a longo prazo é necessária, para criar uma base de segurança.

sábado, 18 de julho de 2015

Case #75 - Deixando cair os "deverias"

Brigitte apresentou um conflicto que tinha com o seu marido com quem estava casada há 18 anos. Ela queria que os pais dela viessem morar com eles, e ele não queria.
Convidei-a então para o diálogo clássico em Gestalt, usando duas almofadas, uma para ela, outra para o seu marido.
Ao longo da ´conversa´ ela fez duas afirmações. A primeira era sentir-se culpada por se encontrarem ambos numa situação familiar feliz, mas não terem os pais presentes. A segunda era que eles deveriam tomar em consideração as necessidades dos pais dela.
Peguei na culpa - uma vez que geralmente está a disfarçar um ´deveria`. Certamente, este ´deveria` era ´Eu não deveria ser mais feliz que os meus pais´.
Pedi-lhe então para pôr este ´deveria` na almofada, e seguiu-se uma conversa. O ´deveria`pregando-lhe um sermão acerca de ser boa para os seus pais. A sua resposta foi de zanga - não me digas como viver a minha vida.
Pedi-lhe que se movesse de um lado para o outro na conversa. A dada altura, como que colapsou - disse ´ok` ao ´deveria`. Mas isto não era uma verdadeira capitulação, pelo que identificámos o sucedido e eu encorajei-a a prosseguir.
Foi então que ela teve um flash - quando tinha 5 anos e a sua mãe lhe estava a dar de comer, esta disse-lhe, ´um dia quando fores mais velha tomarás tu conta de mim´.
Pedi-lhe pois que falasse com esta afirmação da sua mãe, mas da sua posição de agora, como uma mulher de 43 anos. Disse - Eu sou a tua filha, não a tua mãe. Não é que eu deva tomar conta de ti, isso não é bem assim.
Ela foi bem clara neste ponto. Algo se tranquilizou nela, aquilo a que chamamos ´integração´- quando um insight, juntamente com uma experiência vivida no corpo e uma mudança na energia se tornam unos.
Isto clarificou o ´deveria´ de um modo que levou àquilo a que chamamos ´digestão`, isto é, ficar com o que é nutritivo e deixar o resto.
Os ´deverias` são crenças não digeridas que trazemos connosco, vindas dos pais ou da sociedade. Podem conter valor ou verdade em si, mas precisam de ser processados para descobrir o que serve a cada um de nós. De outro modo, continuarão a governar - consciente ou insconscientemente, de um modo tirânico. Deixamos de ouvir estas mensagens como vindas do exterior - interiorizámo-las, introjectámo-las.
Assim, em Gestalt, reanalizamo-las, para as actualizar.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Case #74 - Deixando-se nutrir

Disse a Annabelle que apreciava a forma como ela encarava a vida e as relações. Isto constituia um sítio de mutualidade, um sitío onde partilhávamos valores. Falei-lhe então de mim, incluindos os pontos em que encontrava discrepâncias entre os meus valores de autenticidade, prestabilidade, e as minhas próprias necessidades e limitações.
Annabelle falou-me de como ela podia dar aos outros estando no seu papel, mas era mais difícil para ela receber. Partilhou então comigo que obtinha pouco prazer da comida, e que se tinha que forçar a si própria a comer.
Embora isto representasse um espectro de temas muito abrangente, relacionados com o campo (a comida está estreitamente relacionada com a família e com o tipo de relações à medida que vamos crescendo), quis manter o foco na relação terapêutica.
Sugeri então uma experiência em que eu faria algo que a nutrisse, e ela praticaria aceitar receber.
Demos as mãos. Lentamente acariciei-lhe as mãos com os meus dedos. Ela começou a acariciar de volta, mas eu detive-a - esta era a sua tendência de dar em vez de receber. A direcção que lhe apontei foi a de ver se ela podia receber algum sustento e prazer.
À medida que o fazia, ela indicou-me não ser capaz de receber muito - os seus braços estavam rígidos. Também mordiscava os lábios, e estava consciente de fazer várias coisas que bloqueavam receber algum sustento de mim.
Então, segurando as suas mãos, levantei lentamente os seus braços e movimentei-os. Pedi-lhe que abdicasse do controlo, que relaxasse e me deixasse fazer aquilo. Era muito difícil para ela, mantinha-se rígida e tratava de seguir os meus movimentos, em vez de me deixar conduzi-la.
Fizémos este exercício durante algum tempo. Foi capaz de afrouxar um pouco, e à medida que o fazia, foi capaz de se deixar nutrir um pouco. Mas era difícil para ela.
Dei-lhe como trabalho de casa encontrar uma outra pessoa com quem praticar.
Em termos de trabalho futuro, haveria também várias formas de o continuar - explorando a sua resistência a abdicar do controlor, bem como a sua reluctância em deixar-se nutrir. Viríamos a abordar qualquer assunto de família que estivesse relacionado com este tema, incluindo o sítio onde se guardava a comida em sua casa.
Em Gestalt, cada vez que encontramos uma ´resistência` não tratamos de a romper - em vez disso respeitamo-la. Procuramos o contexto - a situação original que ameaçou o ´ajuste criativo`.
Tratamos de apreciar o ajuste criativo, entendê-lo, e tratá-lo de forma positiva. Deste modo, pude descobrir quão importante era para ela manter-se em controlo, o que estava em jogo ao abdicar desse controlo e poder confiar. É como se de repente se tornasse evidente que confiar, relaxar, não era uma boa ideia no seu contexto familiar/original. Sendo assim, qualquer nova experiência comigo teria de ser encarada com calma, apreciando o quão arriscada poderia ser. É melhor trabalhar muito devagar, de um modo que possa ser integrado - as experiências teriam então que levar isto em linha de conta.
Também viríamos a experimentar comer algo durante a sessão - por exemplo pedaços de maçã. E realizar uma experência de tomada de consciência relacionado com comida, notando os detalhes do processo. Em vez de comportamentos do tipo ´falar acerca de´, procuramos sempre explorá-los na própria sessão, com tomada de consciência e apoio.

© Lifeworks 2012

Contact: admin@learngestalt.com

Cui i se adresează acest blog?

Aceste cazuri exemplificate sunt pentru terapeuți, studenți și pentru cei care lucrează cu profesioniști. Scopul este să arătăm cum funcționează terapia gestaltistă în practică, să legăm aspecte teoretice cu provocările clinice.

Pentru că se adresează în primul rând profesioniștilor, acest blog e valabil prin subscriere. Te rugăm să introduci adresa ta de email ca să primești gratuit actualizările zilnice ale blogului de fiecare dată când o intrare e adăugată.

Enter your email address:

Delivered by FeedBurner

© Lifeworks 2012

Contact: admin@learngestalt.com

Ideomas:

HOME

Informed Consent & Rates

PROFESSIONAL TRAINING

Gestalt Therapy Defined

PROFESSIONAL SERVICES

PAYMENTS

OTHER STUFF

Links

Book:Advice for Men about Women

BLOGS

• English

Bahasa

Čeština

Deutsch

Español

Français

Greek ελληνικά

Hindi हिंदी

Magyar

Melayu

Italiano

Korean한국의

Polski

Português

Română

Russian Русский

Serbian српски

Chinese 中文

Japanese 日本語

Arabic العربية

English Bahasa Čeština Deutsch Español Filipino Français ελληνικά हिंदी Magyar Melayu Italiano 한국의 Polski Português Română Русский српски 中文 日本語 العربية

If you are interested in following my travels/adventures in the course of my teaching work around the world, feel free to follow my Facebook Page!

Gestalt therapy sessions

For personal therapy with me: www.qualityonlinetherapy.com

vinaysmile

Am publica acest blog două ori pe săptămână

logosm1

Links

Career Decision Coaching

Here

and here

Lifeworks

Gestalt training and much more

http://www.depth.net.au

For Men

Here is a dedicated site for my book Understanding the Woman in Your Life

http://www.manlovesawoman.com

The Unvirtues

A site dedicated to this novel approach to the dynamics of self interest in relationship

http://www.unvirtues.com

Learn Gestalt

A site with Gestalt training professional development videos, available for CE points

http://www.learngestalt.com

We help people live more authentically

Want more? See the Archives column here

Gestalt therapy demonstration sessions

Touching pain and anger: https://youtu.be/3r-lsBhfzqY (40m)

Permission to feel: https://youtu.be/2rSNpLBAqj0 (54m)

Marriage after 50: https://youtu.be/JRb1mhmtIVQ (1h 17m)

Serafina - Angel wings: https://youtu.be/iY_FeviFRGQ (45m)

Barb Wire Tattoo: https://youtu.be/WlA9Xfgv6NM (37m)

A natural empath; vibrating with joy: https://youtu.be/tZCHRUrjJ7Y (39m)

Dealing with a metal spider: https://youtu.be/3Z9905IhYBA (51m)

Interactive group: https://youtu.be/G0DVb81X2tY (1h 57m)